sábado, 6 de fevereiro de 2016

“Obrigado”

Depois de mais de um ano, volto em nostalgia, lembrando dos dizeres, dos sonhos, de como tudo aqui surgiu.
Quero agradecer às leitoras e demonstrar meu carinho por cada uma que aderiu e compartilhou sentimentos, deixando esse lugar um cantinho especial.
Obrigada pela sua presença!
Quão bom é aqui voltar e retornar a escrever.

Não me recordo os motivos do passeio em um dia matinal, mas lembro-me claro de que carregava comigo uma sacola de lixo e me dirigia ao local de destino – a cinzenta e enorme lixeira. O precursor zelador de minha morada, prontamente barrou meu trajeto, alertando que um sujeito – talvez perigoso – encontrava-se na lixeira, ainda em tempo, prontamente informou que zelaria por minha segurança. Para minha surpresa, o indivíduo também era um procurador afinco desses destinos, no qual eu naquele dia, resolvi procurar.Era o papeleiro. Jamais havia deparado-me com aquela situação, eu de um lado colocando o que para mim representava um lixo e ele – o papeleiro – de outro, escolhendo o “desejado” produto para levar consigo. Pedi “com licença” naquela situação constrangedora, como se pedisse licença para a realidade a minha direita. E ele mais surpreendentemente respondeu-me com um “obrigado”. Obrigado, pelos restos dessa humanidade parasita que suga a dignidade e deixa aos restos a sobriedade dessa terra. Meus passos seguintes foram tijolos como se carregasse a dureza daquele pobre homem. Eu, livrando-me dos lixos – até por vezes pega na ingratidão – e ele agarrando como preciosidades os grandes sacos negros, agradecendo minha ação. E agora eu me pergunto, o que eu faço aqui escrevendo? Sendo que meus irmãos chegaram ao ápice de ficarem agraciados com os lixões da humanidade? Quão triste ao Pai de todos, saber que seus filhos vivem tempos miseráveis. Onde foi parar a imagem e semelhança do Criador em nossos atos? Onde foi para nossa humanidade que vira e passa se contradiz no próprio termo? Queira eu e você que troquemos os lixões por flores e mãos filantrópicas que toquem os mais nebulosos corações.




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